Thursday, December 08, 2011

Gastronomia Japonesa: Autoindulgência? Prazer!




Comida japonesa é tudo de bom! Mas você conhece todos os ingredientes e iguarias da deliciosa culinária oriental? O Amadeus te ajuda a decorar os nomes dos principais pratos. Veja aí: 
Sushi: É o mais famoso prato japonês no mundo. E o mais popular entre os japoneses, que o prepara em ocasiões especiais. Basicamente, o sushi pode ser definido como um bolinho de arroz coberto por peixes ou frutos do mar crus. Há, no entanto, vários tipos de sushis, que mudam de nome conforme a forma de preparo ou os ingredientes utilizados. Confira os tipos mais conhecidos:
Niguiri: Pequenos bocados de arroz recobertos com fatias de peixes ou frutos do mar crus, sendo os mais comuns os de atum, camarão, enguia, lula, polvo, salmão e omelete;
Gunkan: Arroz enrolado por algas marinhas e recheado com peixe cru, frutos do mar, ovas de peixes ou legumes;
Uramaki: É um sushi às avessas. Neste tipo, o arroz recobre as algas, que, por sua vez, são recheadas com vários tipos de peixes, legumes e até frutas. No Brasil, a manga é utilizada na confecção deste tipo de sushi;
Temaki: Cones de algas recheados com arroz, peixe cru ou frutos do mar e legumes;
Chirashi: peixes, frutos do mar e legumes espalhados por sobre o arroz de sushi.
Sashimi: Fatias de peixe cru degustadas com shoyu (molho de soja) e wasabi (raiz forte). Os japoneses comem alguns diferentes tipos de peixes crus. É óbvio que o peixe tem de estar o mais fresco possível.
Os mais populares tipos de sashimi são:
Maguro:atum;
Toro: atum gordo (parte nobre);
Ika: lula;
Tako: polvo;
Ebi: camarão;
Saba: cavalinha (espécie de peixe);
Sake: salmão.
Como comer: Ponha um pouco de shoyu em um pequeno prato. A maneira correta de embeber o niguiri sushi é virá-lo de cabeça para baixo, com a parte do peixe cru para baixo. Poucos tipos de niguiri sushi devem ser comidos sem o shoyu. No geral, você deve comer o sushi de uma vez, enfiando-o todo na boca. Você pode utilizar as mãos ou os hashis para pegar os sushis.
Como comer grandes pedaços de comida: Ponha um pouco de shoyu em um pequeno prato e acrescente um pouco de wasabi (raiz forte), misturando-os em seguida. Embeba as fatias de peixe ou de frutos do mar crus na mistura e coma de uma só vez. Alguns tipos de sashimi são comidos com gengibre ralado em vez de wasabi.
Tempura: Frutos do mar e vegetais empanados e fritos em óleo fervente. Foi introduzido no Japão pelos portugueses. Hoje em dia, tornou-se um dos pratos mais populares do Japão, e também bem conhecido no mundo todo.
Algas:
As algas (kaiso) são uma importante parte da dieta japonesa, por ser muito rica em minerais. Várias espécies de algas são comidas de diferentes maneiras.
As três mais conhecidas são:
Nori: É a mais comum. São lâminas secas e finas de algas usadas nos “rolinhos” e em outros tipos de sushi. Pode ser usada como condimento ou acompanhamento para o arroz;
Wakame: É comumente usada em sopas como a de misô ou em alguns tipos de saladas. Hoje em dia, wakame é vendida na forma seca, mas ela se expande quando a põe na água;
Kombu: É usada como ingrediente básico de sopas.
Wasabi: É um dos principais temperos da culinária japonesa. Feito de raiz forte, costuma ser utilizado em forma de uma pasta como condimento em sashimis e sushis. De qualquer forma, wasabi é também muito usado em outros pratos japoneses.
Saquê: É feito de arroz e água. Há vários tipos regionais de saquê. Sua graduação alcoólica varia entre 10 e 15% e pode ser servido quente ou gelado. Costumam ser servidos em pequenos potes ou em um recipiente chamado masu. Atualmente, alguns já são vendidos em embalagens tetra packs (de papelão reciclável).
Umeshu: lícor de ameixa.
Shochu: É um tipo de aguardente. Pode ser feita de cereais e de batata doce. É bem mais forte do que o saquê.
O chá: É uma das bebidas mais populares do Japão. O chá verde é bebido em qualquer lugar e em qualquer ocasião. Diferentemente do chá inglês, o chá verde é servido em canecas sem a asa e nunca é bebido com açúcar ou creme. A maneira correta de beber chá verde é segurar a caneca com uma mão e apoiá-la embaixo com a outra mão. Há vários tipos:
Gyokuro, sencha, bancha: O chá verde mais comum feito de folhas secas de chá, que apresentam três níveis de qualidade;
Houjicha: Chá verde feito das folhas torradas do chá, que lhe dá uma coloração marrom;
Matcha: É usado na Cerimônia do Chá e tem o sabor mais amargo. É feito das folhas de chá moídas;
Chá chinês: São chás aromáticos, como o “oolong” e o de jasmim, etc.;
Kocha: É o nome do chá preto.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/comida/ult10005u385926

Tuesday, January 11, 2011

PresidentE ou PresidentA: Um palpite da sociolinguística




Em resposta a uma pergunta de uma colega de tradução, Mirna Soares, dona do blog Translation News , postada num grupo do yahoo de tradutores escrevi esta resposta, que aqui publico sem pretensas de grande discurso [Apesar de ter me passado pela idéia algo como "Dez letrinhas e um destino" ou "Easy Writer" - idéia logo abandonada devido à falta de cara-de-pau e certo apelo do amigo SuperEgo], mas porque a pertinência me soou útil também a outros olhos e mentes.

Enfim, a pergunta era:

Aqui na OEA estamos usando A presidentE. Nos jornais tenho visto tanto
presidenta como presidente.
Vocês acham que presidente é uma palavra marcada por gênero?

Sinceramente, a marcação de gênero é, ou pode ser considerada marcada, por pura
e simples marcação conceitual [apesar da marca de gênero] - palavra de linguista
com inclinações sociológicas, nesse papo.

Explico: não acredito que seja/fosse pra destacar que a mulher é - por ser do
gênero feminino - melhor, mas para apregoar, assinalar (e ojerizar) a aos quatro
ventos, mais ou menos com a mesma idéia do americano 'Yes, we can', tão
conhecido. Como quem diz "O nunca-antes-nesse país aconteceu!"

Muito embora por aspectos linguísticos próprios da língua inglesa o gênero não
seja visível [até porque o 'we' aponta para uma coletividade, que por convenção
é masculina] esse pronome poderia ser apontado como destacando uma coletividade
étnica espefícica, se interpretarmos sociologicamente.

Entretanto, não se fez isso (que eu saiba) baseado nas palaras do Obama, mas
baseado na, até porque óbvia, representação étnica que ele fazia, na assunção da
presidência.

Já no caso do Brasil, a coisa caiu pra língua, bem entendida como uma língua que
destaca gêneros... E é aí que a cobra morde o rabo, e tudo se inclina ao ciclo
infinito de daquela velha tirada propagandística da bolacha: "vende mais porque
está sempre fresquinha, ou está sempre fresquinha porque vende mais?"

Posto aqui, abrindo a discussão da minha opinião postada aos que não são tradutores por profissão, mas que também têm opinião.

Portanto, façam suas apostas, digo, res-postas.

Thursday, January 06, 2011

Escritores e Cozinheiros



Citando alguém muito bom para se (re)começar o ato da escrita: Rubem Alves em seu texto delicioso de nome citado acima, no livro Retorno (E)Terno:

"Tenho um sonho que, acho, nunca realizarei: gostaria de ter um restaurante. Mais precisamente: gostaria de ser um cozinheiro. As cozinhas são lugares que me fascinam, mágicos: ali se prepara o prazer. Mas para preparar o prazer, o cozinheiro deve ser psicólogo, um adivinho de desejos, conhecedor dos segredos da alma e do corpo. Mas não sei cozinhar. Acho que é por isso que escrevo. Escrevo como quem cozinha. Minha cabeça é uma cozinha. O cozinheiro cozinha pensando no prazer que sua arte irá causar naquele que come. Eu escrevo pensando no prazer que o meu texto poderá produzir naquele que me lê.

A relação entre cozinhar e escrever tem sido frequentemente reconhecida pelos escritores. É a própria etimologia que revela a origem comum de cozinheiros e escritores. Nas suas origens, sabor e saber são a mesma coisa. O verbo latino sapare significa, a um tempo, tanto saber quanto ter sabor. Os mais velhos haverão de se lembrar que, num português que não se fala mais, usava-se dizer de uma comida que ela sabia bem. Saber e experimentar o gosto das coisas: comê-las. O sábio é aquele que conhece não só com os olhos, mas especialmente com a boca. Quem conhece só com os olhos conhece de longe, pois a visão exige distância; muito de perto a gente não vê nada. Quem conhece com a boca conhece de perto, pois só se pode senti gosto daquilo que já está dentro do corpo.

Suspeito que Roland Barthes também tivesse uma secreta inveja dos cozinheiros. Se assim não fosse, como explicar a espantosa revelação com que termina um dos seus mais belos textos, a lição? Confessa que havia chegado para ele o momento do esquecimento de todos os saberes sedimentados pela tradição e que agora o que lhe interessava era "o máximo possível de sabor''. Ele queria escrever como quem cozinha - tomava os cozinheiros como seus mestres. Ele queria ler como quem come uma comida deliciosa.

Mário Quintana também diz do seu sonho de produzir com a escrita, uma coisa que fosse boa de ser comida e trouxesse deleite ao corpo.
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...

A ideia de comer me sugere uma associação deliciosa. Pois comer não se aplica só ao que acontece a mesa. Comer se usa também para descrever o que acontece na cama. Comer e fazer amor. O cozinheiro e o amante são movidos pelo mesmo desejo: o prazer do outro. A diferença está em que o amante oferece o seu próprio corpo para ser comido, como objeto de deleite. O escritor, à semelhança dos amantes, também oferece o seu corpo ao outro, como objeto de prazer. Só que sob a forma de palavra. Cada escritura é uma celebração eucarística: Tomai, comei, isto e o meu corpo...

A leitura tem de ser uma experiência de felicidade. Desejo o prazer do meu leitor. E cada leitor, como o sugeriu Barthes, impõe ao escritor uma condição para seu prazer: "O texto que o senhor escreve tem de me dar prova de que ele me deseja.'' É preciso que as palavras façam amor, como o sugeriu Andre Breton. Por isso que Borges aconselhou aos seus estudantes que eles só deveriam ler os textos que lhes dessem prazer: "Se os textos lhes agradam, ótimo. Caso contrário, não continuem, pois a leitura obrigatória é uma coisa tão absurda quanto a felicidade obrigatória.'' Não se pode comer por obrigação. Não se faz amor por obrigação. Não se pode ler por obrigação.

É este o secreto desejo de cada escritor: o prazer do leitor.
Enquanto viajava liguei o rádio do meu carro e ouvi o anúncio de um curso de leitura dinâmica: a leitura sob o domínio da velocidade. Esta é a última coisa que um escritor pode desejar. Pois o prazer exige tempo. Quem está no prazer não deseja que ele chegue ao fim. Comer depressa, para acabar logo? Fazer amor depressa, para acabar logo? O prazer é preguiçoso. Arrasta-se. Demora. Deseja parar para começar de novo. E depois de terminado, espera pela repetição.
Esta é a razão por que eu gostaria de ser cozinheiro. É mais fácil criar felicidade pela comida que pela palavra... Os pratos de sua especialidade, o cozinheiro os sabe de cor. Já foram testados, provados, gozados. Basta repetir, fazer de novo o que já foi feito. Mas é justamente isto que está proibido ao escritor. O escritor é um cozinheiro que a cada semana tem de inventar um prato novo. Cada semana que começa é uma angústia, representada pelo vazio de três folhas de papel em branco que me comandam: "Escreva aqui uma coisa nova que dê prazer!'' Escrever é um sofrimento. Todo texto prazeroso conta uma mentira. Ele esconde as dores da gestação e do parto. De vez em quando alguém me diz: "Como você escreve fácil!'' Fico feliz. Alguém me confessou o seu prazer no meu texto. Mas sei que esta facilidade só existe para quem lê. O fogo que me queimou ficou na cozinha. Mário Quintana diz que é preciso escrever muitas vezes para que se dê a impressão de que o texto foi escrito pela primeira vez. Sim, para que se dê a impressão... Porque se o sofrimento do escritor aparece, o seu texto terá o gosto de comida queimada.

Por isso que, a cada semana, sinto uma enorme tentação de parar de escrever. Para sofrer menos. Escrever é um cozinhar em que o cozinheiro se queima sempre.
Mas vale a pena ficar queimado pela alegria no rosto de quem come a comida que se fez."

E se basta